Cada dia me topo com alguem que se desiludiu e retirou seu apoio ao processo cubano. Existem aqueles que entregam seu carnet do partido comunista e emigram para viver com suas filhas casadas na Italia ou se concentram na placida tarefa de atender seus netos e fazer a fila do pão. Passam de delatar a conspirar, de vigiar a corromper-se e até trocam seus gostos em radio, de Radio Rebelde a Radio Marti. Toda essa conversão - lenta em alguns, virtiginosa em outros - percebo ao meu redor, como se, sob o sol da ilha, para milhares lhes aconteceu de mudar a pele. Sem duvida, esses processo de metamorfose ocorre em uma só direção. Não me topei com ninguem - e olha que conheço gente - que tenha passado de descrente a crente, que tenha começado a crer nos discursos depois de anos criticando.
A matematica nos confronta com numeros infaliveis: o numero dos insatisfeitos aumenta, mas o grupo dos que aplaudem não ganha novas almas. Como um relogio de areia, cada dia centenas de particulas de desenganados vai parar justamente no lado contrario de onde estiveram uma vez. Caem junto ao monticulo que formamos nós, os céticos, os excluidos e o coro imenso dos indiferentes. Já não há retorno para o lado da confiança, porque nenhuma mão poderá fazer o relogio voltar, colocar pra cima o que hoje está definitivamente tombado. O tempo de multiplicar ou de somar passou faz tempo, agora os ábacos operam sempre com faltas, marcam a interminavel fuga em uma só direção ou sentido.
DO BLOG GENERACION Y / DESDECUBA.COM / YOANI SANCHES (diriamos nós, uma especie de Nelson Rodrigues politico, em A VIDA COMO ELA É, na ilha da mentira.
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