Sueli Gehlen Frosi*
Raramente faço uso de fila para idosos, por várias razões, pois sou saudável e forte, por ver que as filas de idosos são maiores do que as dos caixas normais e por esquecer-me da idade que tenho. Há alguns dias, precisei de um medicamento em uma cidade do Nordeste, tarde da noite, estava muito quente dentro da farmácia, o que piorava meu mal-estar e a fila era enorme. Vi que não aguentaria e pedi um caixa para idosos. Fui orientada a passar na frente de todo mundo, o que fiz a contragosto e constrangida. Um senhor abordou o caixa que me atenderia e disse que não concordava com a deferência e disse que havia mais idosos na fila. O caixa, ciente do Estatuto do Idoso, pediu que os idosos passassem à frente, o que irritou mais ainda o dito senhor, que, indelicadamente, afirmou que dali em diante levaria sua avó para as filas que teria de enfrentar.
Fui atendida, como era certo, mas a ironia de que fui vítima me incomodou sobremaneira. Contei o caso a um gerente de banco e ele me esclareceu que as filas dos idosos são um engodo e que a lei manda dar prioridade ao idoso, às gestantes e aos portadores de necessidades especiais, só isso. Portanto, não há necessidade de filas, mas há necessidade de que as pessoas que compõem as filas, assim como os caixas de bancos, farmácias, supermercados, lojas e todos os estabelecimentos que recebem pessoas, compreendam que ceder lugar aos que necessitam, nos torna melhores, mais humanos e mais gentis. Logo, logo, seremos muitos velhos, as estatísticas mostram isso e, se não formos mais civilizados, o trabalho de pessoas como o da doutora Zilda Arns terá sido inútil.
Há quem diga que as pessoas só conhecem seus direitos e não seus deveres, o que encoraja alguns a se referirem a crianças, como se crianças tivessem voz para reivindicar seus direitos. Elas necessitam do nosso discernimento adulto para que sejam respeitadas e cuidadas devidamente. Há velhos que também perderam sua capacidade de discernimento e curvam-se às exigências de estabelecimentos que não os protegem, mas os sacrificam ainda mais. Portanto, espero que as pessoas vulneráveis saibam que têm prioridade e que não necessitam enfrentar filas, mesmo as especiais, às vezes longas demais, e que ninguém se valha da sua avó para desvirtuar o que veio para facilitar a vida de muitas pessoas.
*Associada à Escola de Pais do Brasilanteriorlista
È, eu também já passei por situação vexatória em um banco na minha cidade: eu com 77 anos fui direto ao caixa, pois não havia fila para idosos, o caixa com tom de imperador e mandou pra fila. E daí? Procurar o Bispo? Isso acontece em todo Brasil isso é lei ou não é?
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