quarta-feira, 17 de março de 2010

TRISTES TEMPOS II

17 de março de 2010 N° 16277 ZERO HORA

REFORÇO EMERGENCIAL- Mães suprem falta de professor

Para que diretora e vice-diretora pudessem dar aula, três familiares foram convocadas como voluntárias na administraçãoPara enfrentar a falta de professores, um grupo de mães resolveu dar mãos à obra e assumir funções temporárias em uma escola estadual de Gravataí, na Região Metropolitana. Ontem, primeiro dia de atividade para duas turmas, elas ajudaram a vigiar o recreio e a cuidar dos estudantes em sala de aula, exemplificando a dificuldade do Estado de repor as 4,1 mil ausências de professores já registradas desde o início do ano letivo no Rio Grande do Sul.
Depois de duas semanas sem aula por falta de educadores, os pais de crianças da 3ª e da 4ª séries da Escola Estadual Clotilde Rosa fizeram uma reunião com a direção do estabelecimento e chegaram a um acordo para superar a carência prolongada. Três mães, Leomara Vieira, 41 anos, Cláudia Rebello, 37 anos, e Andréa Valansuelo, 38 anos, se dispuseram a passar boa parte da tarde no colégio como se fossem servidoras públicas. Isso foi necessário para que a diretora e a vice-diretora pudessem assumir duas turmas como professoras e dar início ao ano letivo.
A partir das 15h, as mães ajudaram a monitorar parte dos 370 alunos do estabelecimento no recreio. Depois, permaneceram no local controlando o portão, conversando com outros pais ou substituindo eventualmente a diretora e a vice em sala de aula quando alguma delas precisava se ausentar por algum motivo.
– Decidimos fazer isso para que as duas turmas pudessem começar a estudar – conta Leomara.
O horário dos alunos também foi alterado, com o fim do recreio, para que a diretora, Marelaine Rodrigues, e a vice, Hélia Ferreira, pudessem cumprir tarefas burocráticas.
– Duas professoras nossas pediram exoneração e uma foi remanejada. Mas, até agora, apenas uma vaga foi reposta – afirma Marelaine.
Desde o início do ano letivo, 174 professores já pediram exoneração – as formas de abandono somadas alcançam 4.118 ausências oficialmente registradas pela Secretaria Estadual da Educação (SEC) em apenas duas semanas de aulas e em um universo de cerca de 80 mil docentes.
A razão, conforme a diretora do Departamento de Recursos Humanos da SEC, Odila Cancian Liberali, é o descompasso entre a perda do educador e o prazo mínimo exigido para sua reposição. No mesmo período, por exemplo, foram providenciados 1,4 mil contratos novos ou ampliações de carga horária para suprir carências.

MARCELO GONZATTO

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